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H coisas difceis na vida que parecem quase impossveis. Ora vejamos: quais so as probabilidades de um homem lanar o seu primeiro lbum de msica aos 80 anos de idade? Reala- se que a esperana de vida do gnero masculino inferior ao feminino, e que o autor em criana, numa brincadeira, apontou uma pistola a si prprio e premiu o gatilho, amarrou o seu pirilau com uma corda, bebeu xarope de babosa com fel de boi, ia sendo atingido por um cabo de metal num navio, privou com pessoas com canas de pesca, batarus e carecas, andou luta com um tubaro, e tem assistido ao seu filho capito a cantar. E quais so as probabilidades de ele lanar o seu segundo lbum aos 87 anos? E de publicar a sua biografia aos 90 anos? Colocando as coisas desta maneira, parecem impossveis. Mas veja-se: semelhana do que lhe aconteceu at se reformar, Antnio Joaquim dos Santos (Toy Djack) voltou a sonhar alto e a mostrar resultados. Poucos acreditaram nele. Ele t-los- ignorado, bem como s suas dvidas, e seguido o seu caminho. No tinha nada a provar a ningum. Estava em competio consigo prprio. Sonhava cantar e lanar pelo menos um lbum com msicas da sua autoria. Como sempre, ele perseverou. Lanou no um lbum, mas dois. Depois voltou a repetir um ato parecido ao concretizar o sonho de publicar as suas memrias. Ele prprio disse publicamente que no tinha formao acadmica para tal. No entanto, isso no o demoveu. Fez o seu melhor e entregou o manuscrito com o miolo do texto aos seus filhos. Estes mobilizaram os seus recursos, deram seguimento ao trabalho e o ajudaram a concretizar o sonho. Acredita-se que o objetivo principal do autor tenha sido o de imortalizar o seu exemplo de vida. Mas isso traz consigo repercusses paralelas como o de instilar orgulho e inspirao aos cabo-verdianos e ao mundo de uma forma geral. O livro assim, um resumo da histria de vida de Toy Djack, uma amostra dos seus feitos como indivduo, ribeirapratense, sonicolauense, cabo-verdiano, cidado do mundo, marido, pai, amigo e exmio educador. O livro tambm uma amostra da liderana e carisma, da sua gratido pela vida, famlia e seu povo. Toy Djack nos mostra como viajou pelo mundo durante 30 anos, conheceu vrios pases, cidades e povos. Com esse conhecimento, experincia e inteligncia, sabe reconhecer o potencial de um pas, cidade e povo. Sabe valorizar o que ainda subvalorizado. Toy Djack est convencido que Ribeira Prata e So Nicolau tm potenciais que ainda no foram devidamente reconhecidos. No livro h um captulo sobre Ribeira Prata e vrios captulos especficos sobre aspetos de So Nicolau: o tratamento nas termas do Tarrafal, a vereda chamada Pau, o ortopedista do povo, Antnio Julinho, para alm da sua prpria narrativa de vida em Ribeira Prata, So Nicolau, So Vicente, So Tom, Holanda, e uma estadia nos EUA com a Manduca, sua eterna esposa. No primeiro lbum de msicas do Toy Djack h vrias msicas dedicadas a Ribeira Prata e a So Nicolau. Estas msicas foram inseridas no miolo do livro, em seces compatveis com o seu contedo. O livro do Toy Djack objetivamente multicamadas. Foi concebido como tal, no sentido de realar a beleza e a fora da histria de vida do autor, para se tornar numa histria infindvel. No entanto, como tudo na vida, h aspetos que se destacam numa determinada camada, mesmo no tendo sido concebidos inicialmente para esse fim. s vezes esses aspetos ou contributos so simblicos, outras vezes so concretos. Ora, o papel do livro e da histria de vida de Toy Djack para o desenvolvimento de Ribeira Prata, Tarrafal, So Nicolau... simblico mas ousa-se dizer que poder ser muito concreto. A obra literria e musical de Toy Djack contm o carisma e prpria fora propulsora que se propaga como uma onda para a sua famlia, terra natal, pas e at pelo mundo. Bem-Vindo a Bordo, e faa voc tambm parte da ""Aventura ToyDjackiana""!

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9789893329191

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Antnio Joaquim dos Santos, Toy Djack, nasceu na pacata aldeia de Ribeira Prata, ilha de So Nicolau (Cabo Verde) em 1932. A sua infncia foi dividida entre a casa da me e a do pai, na ilha que o viu nascer, e em So Vicente, em casa de um tio materno, que gentilmente o acolheu em 1940. Em So Vicente, surgiu-lhe a oportunidade de frequentar a Oficina do Mestre Cunke (Pontinha) na rea de serralharia, onde desenvolveu alguma habilidade para moldar, cortar e soldar. Em 1950 regressou a So Nicolau; no incluiu muita coisa na bagagem, mas levou a vivncia de ""mucim d'Socent"", o aprendizado dos anos da oficina, a determinao, muita vontade de crescer como HOMEM e vrios sonhos, de entre eles o desejo de se tornar um BOM PAI de famlia, (os seus filhos havia de educar). Engana-se quem pensa que voltava analfabeto, pois aprendeu a ler e, com uma caligrafia firme e delineada, as cartinhas de amor escrevia. Sim, fora autodidata, embora tivesse deixado para trs o sonho de ser mdico-cirurgio. Porque a sina do cabo-verdiano a emigrao, como bom crioulo, em 1954 aventurou-se a embarcar rumo a So Tom; a situao da ilha de So Nicolau impelia as pessoas a procurarem uma vida melhor na terra longe. Foram dois contratos, seis duros e pesados anos nas roas. Em 1962 escolheu um novo destino; - Europa. Holanda tinha aberto as portas emigrao, e, semelhana de muitos compatriotas, foi procurar a sua sorte, tendo tido a oportunidade de embarcar e trabalhar durante 30 (trinta) anos em diferentes companhias, na sua maioria holandesas. Em 1964 o destino o uniu sua amada (Manduca), a esposa e companheira durante 38 anos, que na intermitncia da emigrao, lhe fez pai de sete filhos biolgicos (quatro rapazes e trs meninas) e o ajudou a criar mais dois. Porque nem todos os sonhos se perderam pelo caminho, em 1983, alimentando o desejo de educar e formar os filhos, mudou-se com a famlia para So Vicente. As longas, frias e solitrias noites de emigrante foram aquecidas pelo seu violo, que encostado ao peito, inspirado na saudade e embalado pelas turbulentas ondas brancas dos oceanos azuis ""chorava"" tmidas notas. Foi assim que nasceram muitas das suas mornas e o sonho da sua compilao e divulgao. Durante dcadas acalentou a vontade de gravar um disco, desejo que foi deixando na gaveta porque as prioridades familiares falavam mais alto. Este seria um projeto ps-reforma. Em 1988, uma hrnia discal viria a interromper a vida de cozinheiro, mas nem isso o trouxe de volta para junto da famlia. Embora estivesse impossibilitado de exercer no mar, no foi considerado totalmente incapaz. Atingida a idade de pr-reforma, em 1992, regressou definitivamente a Cabo Verde. Tinha chegado o momento de se unir famlia, desfrutar do prazer da sua convivncia, assistir ao crescimento do primeiro neto e ver nascer a primeira neta. Contudo, um sofrimento raro f-lo enterrar a esposa em 2002. Em 2012, conseguiu concretizar mais um dos seus Grandes Sonhos, a gravao do CD ""Paraso Escondido"". Foi um projeto desafiante, que s foi possvel graas ao apoio que recebeu dos amigos, dos familiares, em especial dos seus prprios filhos, que se dedicaram de corpo, alma e corao ao projeto. Porque a determinao foi sempre uma das suas principais virtudes, em 2018, e j com 87 anos, lanou o seu segundo CD ""Tributo Universal"". Sempre acompanhado das netas Hdine e Mara, e continuando a contar com o total apoio da famlia, Toy Djack abraou mais este ambicioso projeto de fronte erguida. Tributo Universal composto por doze faixas musicais, todas da sua autoria, semelhana do que aconteceu com o primeiro trabalho. A aventura ToyDjackiana, outrora cantada, agora materializada e enriquecida em livro. Sim, este Rapazinho de S. Nicolau (tambm Mucim d'Soncente) teve o privilgio de, aos 90 Anos, lanar o seu primeiro livro a que deu o ttulo de Toy Djack e o Paraso Escondido Memrias de um Cabo-Verdiano pelo Mundo Fora.

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